Monday, November 5, 2007

A piscina que nunca existiu, mas que custa a desaparecer

Quando me levanto, todos os dias de manhã, da minha varanda, contemplo o espectáculo de pombas e de gaivotas pousadas nos materiais não realizados naquilo que se propunha ser uma piscina.
São largas centenas, talvez atraídas pela água que sempre empoça quando chove, que marcam comparência diariamente por não perceberem quando chove e quando não chove.
Para as pombas e as gaivotas existe, com certeza, uma piscina.
Mas para o comum dos mortais, a piscina, não existe e nunca existirá, restando, pois, que lhes varram a estupefacção e aborrecimento, sobre o que nunca tomou forma definitiva para ser.
É certo, que a amálgama de cimento que lá existe foi já à prova de eleições, e passou, mas quem sabe se a nota dessa prova não poderia ser bem melhor do que foi se tal amálgama nunca tivesse existido.
Sabe-se que há uma vontade muito grande de a remover, de transformar aquele espaço num local aprazível, mas o tempo passa e passa e nada de novo nos trás, a não ser a continuidade das pombas e das gaivotas.
Aquilo tal como está, é um postal ilustrado da Maia de muita má qualidade, é um postal para quem nos visita completamente contrário ao que de bom tem a Maia e se atesta fora dela.
Estar alguém hora e meia a ver um jogo de futebol no Estado Municipal Dr. José Vieira de Carvalho, com o Admastor da pisicina pela frente, reterá uma imagem tão desagradavelmente impressionante que tão cedo não lhe desgravará da memória.
Sabe-se que há problemas óbvios nos meios para a resolução, mas também é livre de pensar-se que atendendo à persistência da malignidade visual e urbanística que o caso constitui, o mesmo, pelo menos, mereceria uma terapia de choque com vista a erradicar de vez a imagem do "monstro" dos olhos de quem o vê.
Por mim dispenso a imagem enfadonha diária das pombas e das gaivotas e a visita repugnante que por vezes me fazem os mosquitos que evoluem das poças de água inquinada para o meu prédio bem situado em frente.
Eu sou, entretanto, um entre muitos que pensam e sentem desta forma.

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