Wednesday, January 9, 2008

SÓCRATES E O REFERENDO AO TRATADO DE LISBOA



Sabe-se que o futuro de Portugal tem que passar pela Europa, pela Europa da União Europeia (UE).
O mundo, hoje, está dividido em blocos macro-económicos de países, como forma de melhor sobreviverem politicamente, e, sobretudo, economicamente. Os países que ainda há que escapam a estes grupos, são países que não reunem as condições exigiveis para a integração nos blocos, quer sejam infraestruturais, quer sejam de acatamento pelos direitos do Homem.
Mas a tendência, mais que provável, é de que também estes países um dia venham a aderir a estes grandes "protectorados", e quebrarem assim o isolamento a que estão votados.
Portanto, o destino natural de Portugal, é a Europa.
Hoje, o Primeiro-Ministro de Portugal, veio dizer, à Assembleia da República, que o Governo decidiu-se pela proposta a este orgão nacional, da via parlamentar sobre o Tratado de Lisboa, contrariando o que dissera em campanha eleitoral, declarando que apoiava o referendo nacional da Constituição Europeia.
Ora, em primeira instância, até parece que Tratado de Lisboa e Constituição Europeia são coisas diferentes, e que só levianamente é que podem ser tratadas por coisas iguais.
Todos se recordarão dos problemas que aconteceram em alguns países da Europa contra a ratificação da Constituição Europeia, inviabilizando a prática deste importante Documento : foi assim em França, e foi assim na Holanda.
Portanto, para que fosse possivel avançar-se com o projecto europeu, teria que fazer-se alguma coisa, de modo a acabar-se com estes sobressaltos que ameaçavam a convergência europeia já em curso.
E foi assim que apareceu o Tratado de Lisboa, com nome diferente da Coonstituição Europeia, mas com o mesmo espírito e, basicamente, com o mesmo alinhamento de conteúdo.
O Primeiro-Ministro faltou à verdade aos portugueses, quando para justificar o contrário do que prometeu aos portugueses, disse, hoje, que o Tratado de Lisboa e a Constituição Europeia eram coisas diferentes.
Eu sei que ser governo e ser candidato a governo obedece a lógicas muito diferentes, isto é totalmente verdade.
Mas, o que não é verdade é pôr uma permissa ao serviço da outra, ludibriando deste modo, triste, o povo português. Foi isto que aconteceu, o Eng.º Sócrates viu que fazendo tal promessa eleitoral desferiria um forte trunfo para ganhar as eleições, e fê-lo sem se importar que um dia poderia não ter condições para cumprir o que prometera.
Hoje, o Primeiro-Ministro, na Assembleia da República, esteve muito mal no plano ético e no plano político.
É assim que se desacredita um trabalho que, em algumas áreas, tem tido pontos altamente elogiosos.