Wednesday, April 9, 2008

O País Real

Portugal não está bem!
Há demasiadas contradições na sociedade portuguesa indiciadoras disso mesmo.
O optimismo anda sempre de braço dado com o pessimismo.
O estado real do país não coincide com aquele que diz o governo.
O desemprego não para de crescer, as empresas não param de fechar, os preços ao consumidor não param de subir.
Só por si, estes três indicadores dizem bem do estado em que o país se encontra.
Não digo que o país de hoje esteja pior que o de ontem, mas as melhoras que se têm feito sentir são demasiadamente lentas e imprecisas para o futuro, não tendo nenhum peso na vida dos portugueses.
O estado social, tendo em conta os indicadores populares de todos os dias, direi mesmo que piorou. A confusão nos hospitais públicos é geral: as pessoas fartam-se de reclamar sobre a qualidade dos serviços de saúde.
O ensino está um caos, por vezes com cenários de batalha campal.
O país real, que é aquele que é composto, por todas as camadas sociais da sociedade portuguesa, não é o mesmo que é apregoado pelo governo.
Sem dúvida que se tem de ajudar as classes mais desfavorecidas, no que são as suas necessidades básicas, como a habitação e a alimentação, mas isto não pode servir para subsídiar o ócio, o vício, e a negligência.
O governo deve estar atento à aplicação destes subsídios, porque se não o fizer é moralmente co-autor deste tipo de desmandos de recursos públicos.
A classe média, é a classe de todas as três que citei, a mais desamparada e desprotegida, porquanto não tem quaisquer ajudas do governo, e é, talvez, a mais cumpridora das suas obrigações com o Estado.
A classe alta, sem menosprezar o seu contributo nacional, obviamente, das três é a que está melhor.
Eu diria mesmo, que a classe média é o "barómetro" do estado bom ou mau em que se encontra um país como o nosso.
A nossa classe média está mal, e o país acompanha-a.
Portanto, não partilho do mesmo optimismo do primeiro-ministro, que diz que as "coisas" estão bem melhor do que estavam há dois anos atrás.
Para os portugueses seria óptimo que assim fosse, mas, infelizmente, não é isso o que eles sentem todos os dias.
Tenho dito várias vezes que o que falta aos nossos políticos é falar verdade. Dizer aos portugueses a situação real em que se encontra o país, para estes ficarem a saber com o que podem contar, e quanto precisam ainda de trabalhar, e não oferecer-lhes contas deturpadas de um país cujo saldo ainda é muito negativo.
Mas falar verdade para eles tem custos políticos, porque ficam depois sem margem de manobra para mentir e prometer. Esta é a razão por que não querem falar verdade.
Vêm aí as eleições, é preciso estar desperto, pois a imagem do país real pode bem ainda ficar mais distorcida, com as promessas que não vão ser cumpridas.
Aos políticos não custa nada mentir, porque a compensação (o castigo!), por incrível que pareça, pode ser ganhar umas eleições.